Bom voltamos hoje com mais uma etapa de orientações para a construção de um projeto social. Hoje trataremos do orçamento, o qual discutiremos em duas partes. Muitos pensam que para fazer um projeto social, basta ter "boa vontade", uma idéia e dinheiro para executa-la. Lá no início já demonstramos que não basta boa vontade e uma idéia, é preciso ter conhecimento da realidade a qual se quer mudar, e construir a idéia de mudança (a ação em si) sob bases sólidas e realistas. E quando falamos de orçamento não estamos tratando apenas de dinheiro, e nem tão pouco "dinheiro" é tudo que importa no orçamento. Por isso tratamos o espaço no projeto reservado ao orçamento como sendo por natureza, o conjunto de "Recursos", que podem ser os mais diferentes e criativos possíveis. Lembrem-se que a proposta e buscar realizar a mudança de uma realidade vulnerável para não vulnerável, e não poucas vezes, a sustentabilidade dessas mudanças perpassam muito mais o envolvimento e participação do público a quem se destina o projeto do que o custo das ações que promovo. Assim um processo mobilizatorio criativo muitas vezes quase sem custo algum são mais eficazes para o projeto que um "laboratório de qualquer tecnologia" com equipamentos de última geração.
RECURSOS:
Os recursos de um Projeto, podem ser tangíveis ou intangíveis. Chamamos de intangíveis aqueles de carater subjetivo, possibilitados pelas qualidades, potencialidades e saberes dos seus atores, que podem contribuir para o desenvolvimento do Projeto. Conhecer bem a aquipe, os parceiros, o publico beneficiário do Projeto, bem como o contexto onde se constrõem estas relações, é fundamental para o processo de Administração das Ações do Projeto na direção do alcance de seus objetivos.
Tangíveis são aqueles de carater objetivo, elementos concretos a serem administrados conforme sua disponibilidade e consumo no decorrer do Projeto. Estes por sua vez se dividem em “Recursos Materiais”, “Recursos Financeiros”, “Recursos Humanos” e “Recursos de Serviços” (este último pode ser consecionárias, alimentação, transporte e taxas)
“Recursos Materiais”
Recursos materiais são os diferentes tipos de objetos – mesas, cadeiras, canetas, alimentos, etc. - que utilizamos no desempenho de nossas atividades. Todos os materiais de projetos sociais, doados ou comprados, devem ser vistos como um bem comum da organização e dos beneficiários do projeto e devem ser tratados como tal. Uma boa gestão desses recursos implica não só organizar e controlar o seu uso e abastecimento para garantir o cumprimento das atividades previstas, mas também fornecer aos envolvidos, sempre que solicitadas, informações claras e objetivas sobre a situação, dada a especificidade do cenário que envolve os projetos sociais.
Para facilitar o gerenciamento e o controle desses recursos, podemos estabelecer uma diferenciação entre os tipos de materiais que se utilizam, divididos em três grupos:
- Materiais Duráveis: São móveis, equipamentos, computadores, ferramentas cuja a reposição é eventual.
- Materiais de Consumo: São produtos como material de limpeza, lâmpadas, etc. São aqueles de uso cotidiano que tem a necessidade de reposição constantes. Normalmente são auxiliares as ações do projeto, não são para utilização direta nestas ações.
- Materiais didáticos-pedagógicos: São aqueles utilizados na execução das atividades, porém necessitam de reposição constante: Folhas Sulfite, canetas, cartolinas, etc..
Tanto os materiais de consumo, quantos os didático-pedagógicos são consumidos diariamente e , por isso, requerem um acompanhamento constante, capaz de indicar as necessidades imediatas de sua reposição.
“Recursos de Serviços”
Na elaboração de um projeto, é comum inicialmente não levarmos em conta os serviços necessários para sua execução: Como a manutenção de condições mínimas como:
- Consercionárias de Energia Elétrica, Água e Esgoto, Aluguel, Internet;
- Transporte para atividades (passeios), ou para os beneficiários chegarem até o local onde o projeto acontece,
- Ou ainda de alimentação (lanche ou mesmo almoço, quando as atividades diárias duram mais que 2 horas obrigando a alteração dos horários de alimentação dos participantes);
- Ou também de taxas, quando se prevê no projeto a necessidade de inscrição dos participantes ou da equipe técnica em atividades que não são promovidas pelo próprio projeto.
“Recursos Humanos”
São considerados recursos humanos todos os profissionais, os quais direta ou indiretamenta são necessários para implantação do projeto.
Diretamente são considerados aqueles, que executam as ações do projeto, e são remunerados pelos “recursos financeiros” capitados para o projeto; comumente compõem uma equipe fixa que acompanhará o projeto do início ao fim... São também considerados recursos humanos diretos aqueles que são remunerados pelo projeto, porém executam ações pontuais no projeto, de modo não permanente, como oficinas pontuais, ou consultorias...
Indiretamente são os recursos humanos que tem sua remunareção mantida através de parceria com outros serviços e ou projetos: Um educador ou oficineiros de outra entidade ou projeto (parceiro) disponibilizado para atuar no seu projeto.
“Recursos Financeiros”
Chamamos de recursos financeiros o dinheiro necessário para à concretização de um projeto. Não podemos deixar de considerar, entretanto , que outros recursos – doações, instalações próprias, etc. - devem ser quantificados. Isso nos possibilita calcular, com maior fidelidade, o custo de nosso projeto. O valor captado para aplicação em um projeto não representa, necessariamente, o seu custo. A contrapartida que a organização oferece é também parte desse custo.
A gestão dos recursos financeiros significa, primordialmente, proceder ao acompanhamento e o controle da utilização do dinheiro de forma garantir a execução das atividades, o alcance das metas e a concretização dos objetivos previstos em nossos projetos. Esse acompanhamento permite detectar possíveis necessidades de correção de rumos, prestar contas do seu andamento, bem como obter dados úteis para a formulação e apresentação de novas propostas orçamentárias.
Nesse sentido, uma boa gestão dos recursos financeiros consiste na capacidade de compatibilização da execução das atividades com o dispêndio do dinheiro para o período estabelecido para o projeto.
Bom por hoje é isso semana que vem avançaremos na distribuição e organização do orçamento no projeto.
Abraços,
José Adriano M C Marinho
Referências bibliográficas :
ÁVILA, Célia M. de (coord.). Gestão de projetos sociais – 3ª ed. Rev. (Coleção gestores sociais) – AAPCS – Associação de Apoio ao Programa Capacitação Solidária, São Paulo, 2001.
http://www.ebah.com.br/apostila-metrologia-pdf-a20231.html
www.cup.pt/CUP/Redaccao/2007/01/GlossariodaBanca.htm