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quinta-feira, 7 de maio de 2009

Histórias, Contos e Lendas

Histórias, Contos e Lendas

Eu não sei!
Vivemos em um mundo onde o lúdico perdeu um pouco o sentido místico e fantástico da infância. Onde tudo pode e deve ser explicado cientificamente, onde os significados pessoais das coisas são engolidos por um senso “cético” comum.
Nestes dias que venho acompanhando os jovens do grupo de Agentes Jovens da Cachoeira Grande, tenho tido a oportunidade de reaver, inclusive em mim mesmo, essa criança que sonha, inventa, cria e recria a realidade que à cerca. Cheias de fantasias, prontas para tornarem-se realidades “verídicas”; ao menos para nós mesmos.
Ter sonhos e sentir, por mais tênue que seja, a esperança de realiza-lo, é uma experiência que muitos de nós esqueceu em meio ao corre-corre do dia a dia.

Não sei!
Mas, conforme me envolvo na realização coletiva da Oficina de Cultura e Cidadania, mais certeza tenho de que possibilitar espaços de criação e expressão para jovens é a melhor forma de construir um mundo novo, diferente desse, cheio de medo e terror, das telas de TV e das páginas dos jornais.
Enquanto lia suas histórias, contos e lendas, ia me sentindo em outro universo, que há muito tempo não visitava. Histórias fantásticas contadas de pai para filho; histórias para assustar crianças; coisas que não sabemos explicar e que muito menos importa a explicação. Ia vivendo cada vírgula, cada palavra, cada conto, como aquela criança que vivia no Rio da Prata de Campo Grande, ouvia no portão as histórias contadas pelos mais velhos em noites enluaradas; em uma época em que já existia televisão, mais que era muito mais gostoso estar ali e fazer parte do grupo, da comunidade. Às vezes por puro medo de ver de verdade os “monstros” das histórias, caso fosse sozinho para cama. Às vezes por curiosidade de saber como acabaria aquelas histórias fascinantes.
Quantas destas histórias não me despertaram para a leitura e pelo interesse pela história de meu bairro, da minha cidade e de meu país? Quem nunca ouviu falar da “mulher loira” que nos tempos de colégio assustava os corredores e banheiros das escolas com seu algodão no nariz? Ou quantas versões sabemos de histórias de lobisomens, saci-pererê, mula sem cabeça, bananeiras e coqueiros que choram? Quantas vezes brincando sozinho ou sozinha, já não imaginamos ouvir ou ver alguma coisa fora do comum? E onde ficou aquele medo de ir ao banheiro, acreditando que havia um velho em baixo da cama?
Pois é, Histórias, Contos e Lendas; de coisas tão diferentes, um pouco pela metade, tropeçando em nossa imaginação. Mas todas baseadas na verdade que sentimos por elas, no momento primeiro em que as ouvimos e as vivemos em nossas vidas.
Sim, naquele momento; elas são a única verdade que conhecemos. Sem elas, provavelmente seriamos incapazes de enfrentar os medos, superar os desafios e sonhar com um mundo melhor...

José Adriano M C Marinho - Julho/2003