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segunda-feira, 12 de julho de 2010

NO ESPAÇO VAZIO..., UM CENTRO DA JUVENTUDE

Estudo das Possibilidades Instrumentais do Serviço Social em uma Ação com Jovens

por José Adriano M. C. Marinho

Creio que o Serviço Social como afirma Yamamoto, alcança sua “maioridade” quando se reconhece histórico, instrumento, ciência e dinâmico, não aceitando mais a passividade diante das pressões que sofre, dado o seu papel mas as reconhece como existentes.

Ele se reconhece como totalidade e também como o indivíduo que forma. Reconhece nesse indivíduo, ator social determinado e determinante de sua história. Reconhece as atuais demandas do mercado, reconhece que, como todo jovem que alcança a maioridade, não basta reconhecer-se " maior", é necessário um agir "maior".

Reconhecer-se assim, implica para o profissional, olhar-se de forma profunda e confrontar-se com suas próprias contradições; não para aceitá-las como parte, mas reconstruir-se com toda sua pluralidade.

Um trabalho que atua com o publico jovem, localizado em uma situação dúbia na sociedade, "em ser sem estar sendo; e não sendo, sendo cobrado como se fosse", que ninguém entende muito bem o que é, por isso o coloca de lado, como algo em segundo plano, só percebido como um "ser" potencial de consumo pelo capital, ou como ator de violência, pelo Estado.

Os atuais programas e projetos sociais desenvolvidos para esse público, por mais democráticos que se desenhem, estão situados ainda como uma ação descontinuada, voltada não para a construção e exercício pleno da cidadania, mas de uma preocupação para que não se tornem "atores de violência", percebido no formato dos programas e através dos inúmeros recursos liberados para financiamento desses projetos e programas, por parte da Secretaria Nacional de Segurança.

Uma política que esteja voltada de fato para a juventude, deve percebê-la, como sujeito no presente, não no futuro. Ele vive, hoje como todos nós, o futuro dos jovens é igual ao de qualquer outra pessoa, “incerto”. As políticas setorizadas para esse público, devem ser discutidas e desenvolvidas com esse público.

Estas políticas não devem ser de fato diferenciadas de políticas que atendam ao restante dos cidadãos, afinal ele é tão cidadão como qualquer outro, apenas mais jovem. O que realmente é necessário, é possibilitar ao jovem espaços de participação e expressão, onde possa contribuir com toda a originalidade que traz dentro de si.

De acordo com Yamamoto o Serviço Social exerce uma ação eminentemente “educativa”, “organizativa”. É uma perspectiva não muito notada como tal, nem mesmo pelos próprios assistentes sociais. Por outro lado, Yamamoto, também coloca que o Serviço Social só se torna possível como profissão institucionalizada, como parte de uma estratégia do bloco no poder. O que traz a tona a sua instrumentalização pelo Estado, que ainda é um espaço ocupacional o importante.

Para se buscar um fazer diferente, dar forma e aplicação ao processo de reconceituação iniciado na década de 60 e ainda em movimento; é necessário que busquemos olhar mais e melhor, logo com mais profundidade para o arcabouço teórico construído pela profissão ao longo de sua história. Contextualizando cada momento desta história, percebendo-a como parte integrante do que somos hoje; estaremos dando um passo substancial na construção de novas referências, frente os novos tempos.

Ao pretender se desvencilhar do caráter coercitivo e consensual, pelo qual somos instrumentalizados desde a origem; temos que reconhecer tais origens e práticas que vigoram ainda hoje. Para então buscar com clareza alternativas teóricas, instrumentais e metodológicas que validem esta mudança; que validem um agir diferente.

Este novo agir, dentro de uma nova perspectiva, não vem de outro lugar, que não seja da população com a qual trabalhamos, de dentro de sua realidade, de suas formas de enfrentar seus problemas, de se realizarem.

A prática profissional não tem o poder miraculoso de revelar-se a si própria. Adquire seu sentido, descobre suas alternativas na história da sociedade da qual é parte.

(Yamamoto, 1992)

Aprender na relação com a população, é estar aberto para perceber que se queremos uma inversão nas relações de poder, no sentido que haja de fato uma transformação social; é necessário que esta população esteja, em relação ao profissional de Serviço Social, no lugar onde se encontra hoje o bloco no poder , que articula interesses homogeneizados pelo grande capital (Yamamoto, 1992).

Lançar um olhar sobre uma prática juvenil, empírica, que nasce espontânea, na busca de possibilidades instrumentais dentro de um perspectiva reconceituada; teve o objetivo de ensaiar uma iniciativa neste sentido. De aprender com a população com a qual trabalhamos, com sua história e com a nossa. Colocando-os no lugar que acredito ser seu por direito na sociedade; de seres emancipados, de protagonistas.

Chegar até aqui e ter dúvidas, faz parte e é bom, o problema é quando não as temos, ou quando as temos, não nos importarmos com elas.

José Adriano M C Marinho é Assistente Social da Prefeitura de Santo André/SP e Professor na Universidade de Guarulhos/SP - UNG

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As novelas e a educação

por Emílio Odebrecht

Publicado no Jornal Diário da Manhã em 11 de Julho de 2010

Provavelmente não há outro país onde as novelas, esta atração televisiva de presença mundial, tenham caído tanto no gosto popular como no Brasil.

Do ponto de vista da influência nos costumes, ouso dizer que esse tipo de programa foi, entre nós, mais benéfico que maléfico. Se analisarmos os efeitos sobre a visão de mundo do brasileiro médio que as novelas já exerceram, concluiremos que hoje somos (até certo ponto, ao menos) um país melhor também graças a elas.

Ideias como a da emancipação feminina se disseminaram no Brasil com a ajuda das novelas. Em anos recentes, abordaram outras questões importantes, como o combate ao racismo e o respeito aos deficientes físicos. E até a demografia do país parece ter sofrido alguma influência.

As famílias nas novelas são, quase sempre, pequenas e foi por meio delas que muita gente teve, pela primeira vez, contato com noções de planejamento familiar.

Mas é inescapável reconhecer que também há os efeitos nocivos, em especial sobre os jovens.

A contínua irradiação de modismos tolos e a tendência (talvez inerente ao gênero) de exploração nos enredos de algumas das piores fraquezas humanas, como a traição e a ganância, conferem certa razão àqueles que as apontam como algo pouco educativo.

O fato é que, com o potencial de influência que têm, as novelas podem ser mais do que mero entretenimento e se tornar instrumentos eficazes de apoio à formação das pessoas.

Ao falar em formação, penso no incentivo à agregação familiar, na disseminação de valores, enriquecimento cultural e motivação aos jovens para que estudem, se desenvolvam e empreendam.

Nossos autores, tão talentosos, poderiam usar o meio para inserir (ou reforçar) no ideário do país a crença no trabalho duro e honesto como forma de ascensão social e nos benefícios que isso representa para o indivíduo e para a coletividade.

Tais programas também poderiam servir para orientar a escolha profissional de rapazes e moças. Para tanto, bastaria que mostrassem, de modo consistente, a realidade das várias ocupações do mundo do trabalho _o que seria de enorme valia para muitos jovens brasileiros.

O incentivo a comportamentos éticos e os conteúdos que formam a cultura dos indivíduos não devem ficar restritos aos canais educativos, às escolas ou às famílias. As novelas, forma de arte na qual somos mestres, podem contribuir e muito para elevar os brasileiros a mais altos padrões de princípios morais e cívicos, conhecimento e desenvolvimento pessoal.

Emílio Odebrecht é empresário e presidente do Conselho de Administração da Odebrecht S.A. Escreve aos domingos nesta coluna

Fonte:http://site.dm.com.br/noticias/opiniao/as-novelas-e-a-educacao

Hora da Reforma de Valores

por Fabio Colleti Barbosa

Texto publicado na Folha de São Paulo em 11/07/2010

Cobramos rigidez na conduta de figuras públicas, mas e no nosso dia a dia, não temos o que melhorar?

O BRASIL vive momento único em termos de desenvolvimento econômico e social. Isso tem sido possível graças a uma política consistente que vem sendo aplicada há anos e que teve seu impacto potencializado por conta da alta nos preços das commodities (causada, principalmente, pelo crescimento da China). Outros fatores também influenciaram, como o momento demográfico favorável que vivemos, a incorporação de novos consumidores, o aumento do crédito etc. As perspectivas são positivas quando somamos a tudo isso os investimentos ligados ao pré-sal, à Copa do Mundo e à Olimpíada.

O crescimento acelerado traz à tona nossas deficiências em termos de infraestrutura, de poupança interna e ainda de outros fatores -os chamados gargalos-, que têm impedido o Brasil de sonhar com taxas de crescimento sustentado mais altas. Adicione-se a isso o fato de que ineficiências como a elevada e complexa carga tributária e os custos trabalhistas e previdenciários minam um tanto da nossa competitividade externa.

Para atacar alguns desses problemas, a solução poderá vir com as microrreformas, mas, para outros casos, será necessário encararmos as grandes reformas, que são várias e precisam ser discutidas a fundo.

Reformas trabalhista, previdenciária, tributária e a própria reforma política são temas que permeiam os debates há anos. Pondera-se sempre o custo político de enfrentá-las, comparado ao benefício que poderiam trazer. São temas complexos, mas, ao deixá-los para mais tarde, poderemos ver alguns problemas crescerem e se consolidarem, como é o caso da Previdência.

A sociedade tem cobrado do governo que enderece essas questões e o faz de forma clara e crescente, o que é muito positivo. Exageramos, porém, ao agir como se todos os problemas do país dependessem exclusivamente de o governo se movimentar e os resolver. Colocamo-nos na posição de estilingue e pouco refletimos sobre o que podemos fazer do lado de cá.

Estou convencido de que nossa sociedade como um todo pode mostrar maturidade fazendo a sua parte. Refiro-me à verdadeira "reforma" de que precisamos e que, essa sim, mudará o país de forma consistente e inequívoca. Podemos chamá-la de Reforma de Valores. A boa notícia é que, para que seja feita, não é necessário nem apoio no Congresso nem em nenhuma instância de governo. Também não é necessário projeto de lei.

Essa reforma depende exclusivamente de nós, cidadãos, e das nossas atitudes no dia a dia. A tolerância que ainda se observa na sociedade quanto aos chamados pequenos delitos é prova maior de que temos muito a evoluir. Corretamente, cobramos rigidez na conduta das figuras públicas, mas, e no nosso dia a dia, será que não temos coisas a melhorar? Podemos começar por refletir sobre nossa conduta quanto a pequenos atos, como deslizes no trânsito, nas filas, no correto recolhimento de impostos, na compra de produtos piratas, na disposição do lixo, enfim, nos exemplos que transmitimos aos nossos filhos!

As empresas também já acordaram para a relevância de rever seus princípios e valores, mas podem acelerar. Está cada vez mais claro que não existe incompatibilidade entre fazer as coisas de forma ética e transparente e ter bons resultados financeiros. Esse "falso dilema" tem que ser abolido de vez das conversas empresariais, pois não se sustenta na realidade que observamos e não se coaduna com o país que queremos construir.

Se cada um fizer a sua parte nessa direção, muitos dos problemas serão resolvidos. Uma sociedade nada mais é do que o somatório das atitudes de cada um de nós, de cada uma de nossas empresas. Vamos, sim, cobrar os governos para que façam as reformas de que precisamos e para que ajam com ética e transparência, mas vamos dar o exemplo, fazendo aqui no nosso dia a dia aquilo que depende só de nós. Enfim, vamos dar vida ao que dizia Ghandi: "Nós precisamos ser a mudança que queremos ver no mundo".

FÁBIO C. BARBOSA, 55, administrador de empresas, é presidente do Grupo Santander Brasil e da Febraban. Escrever mensalmente, aos domingos, neste espaço.

Fonte: http://www.linearclipping.com.br/fecomerciodf/detalhe_noticia.asp?cd_sistema=7&codnot=1219840