O texto abaixo é um trabalho elaborado por minhas alunas na Universidade de Guarulhos, por ocasião das comemorações do Dia do Assistente Social. O trabalho solicitado foi que elas analisassem uma das Experiências Profissionais apresentadas durante o Evento, e pra minha grata surpresa elas escolheram analisar o Projeto Flor DLIS, um projeto de extensão que coordeno juntamente com a Profª Ilka Custódio, no Curso de Serviço Social. Li com muita atenção e gostei bastante da percepção e analise das jovens por isso pedi permissão a elas e estou compartilhando aqui o "Artigo" que fizeram. Aproveito para acrescentar o link para o vídeo apresentado no dia e feito com fotos das atividades Cliquem Aqui
Espero que gostem! Abraços.
UNIVERSIDADE DE GUARULHOS, 07 DE JUNHO DE 2010
EVENTO EM COMEMORAÇÃO AO DIA DO ASSISTENTE SOCIAL
TRABALHO SOBRE A PALESTRA:
Atuação Profissional do Assistente Social no Século XXI.
Palestrante: Prof° José Adriano.
PROJETO FLOR DLIS
Autoras:
Cintia Barbosa Paixão
Mariana Piovezan Monteiro
Viviane Gomes D’ Almeida
Foi apresentado o Projeto Flor D’ LIS (Desenvolvimento Local Integrado Sustentável e as Cidades Saudáveis) que existe há 01 ano e meio, que se iniciou a partir do contato que a AMODEZAG (Associação dos Moradores Desapropriados da zona Aeroportuária de Guarulhos) realizou com a reitoria da Faculdade UnG, solicitando o projeto para a comunidade. O Projeto atua no Jardim Marilena, onde se identificou após uma pesquisa o maior número de famílias em situação de risco social eminente: situação fundiária irregular; moradias precárias; alto grau de organização comunitária; 75% da população sem renda; e alto índice de baixa escolaridade;
A explanação do projeto nos indica uma prática profissional, que buscou entender o contexto da comunidade em que atua para poder planejar propostas que respondessem a demanda e que pudessem avançar na luta por direitos junto com a população.
“Dentre as estratégias para enfrentamento deste quadro, indicamos os processos de Assessoria/Consultoria – indicado como necessidade pela maioria dos Assistentes Sociais -, com o objetivo de projetar e analisar, permanentemente, a prática, o que significa contrapor a realidade dos espaços profissionais ocupados pelo Serviço Social com as análises, estratégias e ações realizadas no seu enfrentamento, no sentido de uma ação profissional pensada, consciente, dinâmica, articulada à realidade social”.(Vasconcelos, p. 254)
O Projeto visa interligar os 03 setores (Público, Privado e ONG’ s) no planejamento sustentável do desenvolvimento econômico (incentivando a economia solidária) e humano. A Cidade Saudável prevê a promoção à Saúde, onde todos os setores buscam estratégias de efetivar direitos, enfatizando:
o resgate da integração dos diversos setores;
redefinição das Políticas Sociais para que priorizem a humanização do Serviço;
qualificação do processo de urbanização e cuidados com a terra.
A idéia de Cidade Saudável traz com ela o trabalho do Assistente Social para ampliar o conceito de saúde, saindo do imediatismo do conceito visto como saúde/doença, entendendo que:
“A Promoção de saúde se faz por meio de educação, da adoção de estilos de vida saudáveis, do desenvolvimento de aptidões e capacidades individuais, da promoção em ambientes saudáveis. Está estreitamente vinculada, portanto, à eficácia da sociedade em garantir a implantação de políticas públicas voltadas para a qualidade de vida e ao desenvolvimento da capacidade de analisar criticamente a realidade e promover a transformação positiva dos fatores determinantes da condição de saúde” (...) “Como se vê, a definição de necessidades de saúde ultrapassa o nível de acessos a serviços e tratamentos médicos, levando em conta as transformações societárias vividas ao longo do século XX e XXI, com a emergência do consumismo exacerbado, a ampliação da miséria e da degradação social e das perversas formas de inserção de parcelas da população no mundo do trabalho. Mais que isso, envolve aspectos éticos relacionados ao direito à vida e à saúde, direitos e deveres. Nesse sentido é necessário apreender a saúde como produto e parte do estilo de vida e das condições de existência, sendo que a situação saúde/doença é uma representação da inserção humana na sociedade”.(Nogueira, p. 229-230)
O Projeto tem 03 Etapas
ETAPA 01 – Rede de Grupos Gestores (Reuniões preliminares, encontro geral, reuniões mensais de formação e acompanhamento), Mobilização Comunitária (Capacitação de Agentes Comunitários).
A conscientização política que o Serviço Social realiza através de sua atuação é fundamental para a retomada das lutas por direitos, que foram esfriadas pelo neoliberalismo nos anos 90, afinal, os movimentos sociais no final dos anos 80, estavam engajados e vinha animado pelas várias conquistas que a população ao se organizar alcançou. O Assistente Social que articula a elucidação dos direitos para a população e trabalha principalmente os vínculos comunitários que favorecem o reconhecimento dos problemas coletivos, que são a base para a busca pela efetivação de direitos.
“O conhecimento a respeito dos direitos é a base para buscar sua manutenção, efetivação, e ampliação. (...) os usuários poderão ter uma participação mais ativa em termos de reivindicação, fiscalização, envolvimento em Conselhos etc. (...) O conhecimento de Leis que regulamentam os direitos sociais é fundamental no enfrentamento das políticas neoliberais. (...) A participação da Comunidade, igualmente um principio constitucional e eixo organizador do Sistema único de Saúde, e outro ponto a ser destacado na relação entre as práticas dos Assistentes Sociais que se pautam no Código de Ética e no Projeto ético-político e o SUS (...) Ao longo do tempo teve significados diversos, evidenciando constantemente a preocupação em associar o social e o político (...), ao ter como horizonte não unicamente o acesso igualitário aos bens e serviços de saúde, mas o acesso ao poder”. (Silva, p. 194)
ETAPA 2 – O Projeto Avalia com a Liderança Comunitária o andamento do projeto e como melhorar (Seminário com resultados da pesquisa).
Esta fase da Avaliação é fundamental tanto para a prática profissional, que faz sua reflexão das intervenções realizadas, percebendo as deficiências e planejando estratégias para superá-las. Envolver as Lideranças Comunitárias é uma forma de estimular o exercício da cidadania e da política, esta articulação permite encaminhar precisamente a necessidade real da população, confrontando com os indicativos da pesquisa, se tem uma visão abrangente da situação a ser trabalhada, possibilitando uma intervenção mais consciente e que tenha uma resposta eficaz e eficiente.
“Isto não é uma tarefa fácil e requer do Assistente Social, além da análise conjuntural da realidade do usuário e da instituição, também um posicionamento ético, competência teórica, política e técnica para construção de estratégias que possibilitem uma atuação que colabore mais efetivamente no atendimento das demandas dos usuários e não fique restrita a atender a lógica do mercado”. (Silva p. 192)
“A Prática Reflexiva é uma pratica que envolve dois sujeitos sociais – usuário / profissional, politiza as demandas dirigidas ao Serviço Social, ao democratizar informações necessárias e fundamentais quando do acesso dos usuários a serviços e recursos – como direito social – na busca da superação da práxis cotidiana, a partir de sua análise, desvendamento, o que contribui para o fortalecimento dos envolvidos no processo, enquanto sujeitos políticos coletivos (...) Ao mesmo tempo, vai assegurando o acesso e a ampliação dos direitos e do controle social”.(Vasconcelos, p. 257)
ETAPA 3 – Desenvolvimento de Planos de Ação e Agenda Local (confrontar planos x situação atual) e junto com o poder público realizar ações.
O Desenvolvimento de Planos de Ação e Agenda Local,é a fase onde o projeto começa a ser direcionado mais pela comunidade, o Assistente Social vai saindo de cena, trabalhando nos bastidores, pois os novos atores entram em cena, e vão sendo os multiplicadores não só do projeto, mas de uma nova visão de mundo, que com certeza aponta para outras perspectivas, onde as pessoas já conseguem perceber seu papel político e assumem este espaço e a responsabilidade de tornar a luta por direitos, hereditária, cultural e perpetuada pela população. A articulação com o poder público coloca o controle social como forma de responsabilizar novamente o Estado pelo seu papel, entendendo que nadamos contra a maré do neoliberalismo e principalmente da literalmente pornográfica e vulgar privatização dos serviços públicos, que é um verdadeiro desrespeito com a população, pois legitima o capitalismo através das questões sociais.
“Com o olhar de aproximação entre teoria e prática será possível fortalecer a participação dos usuários, criar estratégias de atuação, articular o Serviço Social com outras categorias profissionais e movimentos sociais, colocar o profissional nos espaços de debate das políticas econômico-sociais, conhecer as possibilidades de ação dentro das instituições, propor, formular, executar, monitorar e avaliar as políticas públicas, contribuindo para a melhoria de sua qualidade”. ( Silva, p. 195)
“Há que se considerar nesta breve apreciação da situação adversa às propostas de democracia social, decorrentes dos ajustes macroeconômicos da década de 90, no Brasil. As políticas de redução do Estado, as privatizações e o novo papel desempenhado pelo mercado como provedor das necessidades de saúde foram a pedra de toque para as dificuldades que ora se apresentam”.(Nogueira, p. 233)
Vale ressaltar que no Projeto tem estagiários de Serviço Social, o que contribui bastante para a categoria e para as intervenções, pois a reflexão teórica está viva e a práxis com a orientação do Supervisor vai desenhando a prática profissional e vai integrando os estudantes no movimento em favor da garantia de direitos.
“Não se trata de subordinar o projeto educacional às demandas do mercado de trabalho, mas se perseguir, ao nível dos estágios, uma articulação mais criativa entre o homem pensante e o fazedor, entre a universidade e o local de trabalho, de modo a superar os chavões e o lugar-comum e apontar as possibilidades reais de uma prática que seja a expressão concreta de um pensamento crítico em face do contexto em que se inscreve.” (Silva, 1987:132)
“Ao contribuir para ampliar, facilitar e realizar o acesso aos direitos, os Assistentes Sociais podem trazer ganhos para os usuários a partir de uma prática que: Resgata o exercício de uma consciência social sobre saúde: consciência da saúde como direito do cidadão e dever do Estado, Fortalecer o caráter público das ações e serviços da seguridade Social e dos direitos sociais e a responsabilidade do Estado, definidos na Constituição Federal (...) Promover uma interlocução entre os setores organizados da sociedade que buscam a radicalização da democracia e superação da organização social capitalista e expressivos segmentos dos trabalhadores que não tem condições, num primeiro momento de se organizarem”. (Vasconcelos p. 269-271)
Atividades realizadas: estudo sócio-econômico, visitas domiciliares, desenvolvimento de grupos sócio-educativos, desenvolvimento de projetos sociais específicos, acompanhamento familiar, fortalecimento de vínculos familiares e comunitários.
Parcerias: SASC (Secretaria de Assistência Social e Cidadania), UBS – Santa Lídia, representantes do O.P. (Orçamento Participativo).
Professores que coordenam o Projeto: José Adriano, Dagmar e Ilka, estagiários que são alunos de Serviço Social da UnG, contribuem também.
“E se somos severinos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte severina: que é a morte que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia (de fraqueza e de doença é que a morte Severina ataca em qualquer idade, e até gente não nascida)”.
João Cabral de Mello Neto, Morte e Vida Severina.
Referencial Bibliográfico
Nogueira, Vera Maria Ribeiro. Mioto, Regina Célia Tamaso. Desafios Atuais do Sistema Único de Saúde – SUS e as Exigências para os Assistentes Sociais.
Silva, Claúdio Gomes da. Serviço Social e reestruturação produtiva: entre a lógica do mercado e a defesa do projeto ético-político profissional.
Silva, 1987:132. Citação do texto: O Estágio Supervisionado na formação profissional do Assistente Social: desvendando significados.
UNIVERSIDADE DE GUARULHOS, 07 DE JUNHO DE 2010
EVENTO EM COMEMORAÇÃO AO DIA DO ASSISTENTE SOCIAL
TRABALHO SOBRE A PALESTRA: Atuação Profissional do Assistente Social no Século XXI.
Palestrante: Prof° José Adriano.