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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Resenha do Livro Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire

José Adriano M C Marinho
Assistente Social
Professor na Universidade de Guarulhos/SP
(para ler o texto completo clique no link: http://docs.google.com/fileview?id=0B3bEuXYCJPTeZWI3ZDVjZjktZDQwNy00Y2ZjLWE5OGYtZTU4M2E0NjAzYWI3&hl=pt_BR )

Apresentação:

“Não há docência sem discência”.

Assim começa o primeiro capitulo de Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire. Falando da prática educativa o autor a partir deste primeiro capítulo e por todo o livro, discorre sobre a base para ele fundamental da prática do educador em relação com o educando, não uma relação professor/aluno de forma simplista como conhecemos, ele mergulha na profundidade de níveis de compromissos exigidos nesta relação, busca qualificar este compromisso através da compreensão de uma prática relacional que se trava entre dois atores, sobre tudo humanos, e por si só “programados para ensinar e aprender”.
O autor trata dessa relação como escolha autônoma de ambos atores educador/educando; no entanto com responsabilidades distintas, aprofunda a responsabilidade do Educador imbricada nessa escolha. Compreende sua dimensão humana sujeita as pressões do corre-corre do dia a dia que ao passo que explica não pode justificar uma prática descompromissada com a opção feita. Deste modo ele percorre todos os capítulos sobre as exigências fundamentais para o ato de ensinar.
Paulo Freire nos leva a ver que criticizar-se, é algo que parte da curiosidade ingênua que, “desarmada”, está associada ao saber do senso comum, e se constrói na aproximação de forma cada vez mais metodicamente rigorosa do objetivo cognoscível, se tornando curiosidade epistemológica; mais ainda quando esta curiosidade dirige-se para saberes comuns ao cotidiano do educando, que no aprofundamento destes saberes se redescobre frente à realidade que o cerca. Demonstra que sendo uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica, propicia as condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e de todos com o educador/educadora, ensaiam a experiência de assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva e “porque também capaz de amar”.
O Texto mais que orientações para o ser sendo do educador no mundo e em relação com o educando; é expressão pura da paixão do autor pelo processo de inacabado do aprender e ensinar, que caracteriza o “Ser Humano”. Paixão expressa nas entrelinhas de quem acredita de corpo e alma que não existe educação sem relacionamento; não existe relacionamento sem respeito ao outro; não existe respeito sem confiança e nem confiança sem compromisso. E este compromisso para Paulo Freire não é nada mais que o velho e simples “amor”, que se entrega na crença da esperança, de que todos podemos ser sempre mais e melhor, de que é dever daqueles que tem a responsabilidade de ensinar perscrutar-se através dos olhos do educando, para que juntos tornem-se cada vez mais Humanos.

Referência Bibliográfica:
Freire, Paulo – Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa / Paulo Freire. – São Paulo: Paz e Terra, 1996

Serviço Social e os projetos com a juventude


José Adriano M C Marinho
Assistente Social
Professor na Universidade de Guarulhos/SP
(Trecho do Texto NO ESPAÇO VAZIO... UM CENTRO DA JUVENTUDE ESTUDO DAS POSSIBILIDADES INSTRUMENTAIS O SERVIÇO SOCIAL EM UMA AÇÃO COM JOVENS, Monografia para conclusão de curso de serviços social em 2001, RJ) - Para vizualizar o texto completo clique no link: http://docs.google.com/fileview?id=0B3bEuXYCJPTeYTU3NDE0MjAtNzMyOC00YjdjLThjYjQtNTUwYzM0ZmZlZDYz&hl=pt_BR

Creio que o Serviço Social como afirma Yamamoto, alcança sua “maioridade” quando se reconhece histórico, instrumento, ciência e dinâmico, não aceitando mais a passividade diante das pressões que sofre, dado o seu papel mas as reconhece como existentes.
Ele se reconhece como totalidade e também como o indivíduo que forma. Reconhece nesse indivíduo, ator social determinado e determinante de sua história. Reconhece as atuais demandas do mercado, reconhece que, como todo jovem que alcança a maioridade, não basta reconhecer-se " maior", é necessário um agir "maior".
Reconhecer-se assim, implica para o profissional, olhar-se de forma profunda e confrontar-se com suas próprias contradições; não para aceitá-las como parte, mas reconstruir-se com toda sua pluralidade.
O jovem, um público localizado em uma situação dúbia na sociedade, "em ser sem estar sendo; e não sendo, sendo cobrado como se fosse", que ninguém entende muito bem o que é, por isso o coloca de lado, como algo em segundo plano, só percebido como um "ser" potencial de consumo pelo capital, ou como ator de violência, pelo Estado.
Os atuais programas e projetos sociais desenvolvidos para esse público, por mais democráticos que se desenhem, estão situados ainda como uma ação descontinuada, voltada não para a construção e exercício pleno da cidadania, mas de uma preocupação para que não se tornem "atores de violência", percebido no formato dos programas e através dos inúmeros recursos liberados para financiamento desses projetos e programas, por parte da Secretaria Nacional de Segurança.
Uma política que esteja voltada de fato para a juventude, deve percebê-la, como sujeito no presente, não no futuro. Ele vive, hoje como todos nós, o futuro dos jovens é igual ao de qualquer outra pessoa, “incerto”. As políticas setorizadas para esse público, devem ser discutidas e desenvolvidas com esse público.
Estas políticas não devem ser de fato diferenciadas de políticas que atendam ao restante dos cidadãos, afinal ele é tão cidadão como qualquer outro, apenas mais jovem. O que realmente é necessário, é possibilitar ao jovem espaços de participação e expressão, onde possa contribuir com toda a originalidade que traz dentro de si.
De acordo com Yamamoto o Serviço Social exerce uma ação eminentemente “educativa”, “organizativa”. É uma perspectiva não muito notada como tal, nem mesmo pelos próprios assistentes sociais. Por outro lado, Yamamoto, também coloca que o Serviço Social só se torna possível como profissão institucionalizada, como parte de uma estratégia do bloco no poder. O que traz a tona a sua instrumentalização pelo Estado, que ainda é um espaço ocupacional o importante.
Para se buscar um fazer diferente, dar forma e aplicação ao processo de reconceituação iniciado na década de 60 e ainda em movimento; é necessário que busquemos olhar mais e melhor, logo com mais profundidade para o arcabouço teórico construído pela profissão ao longo de sua história. Contextualizando cada momento desta história, percebendo-a como parte integrante do que somos hoje; estaremos dando um passo substancial na construção de novas referências, frente os novos tempos.
Ao pretender se desvencilhar do caráter coercitivo e consensual, pelo qual somos instrumentalizados desde a origem; temos que reconhecer tais origens e práticas que vigoram ainda hoje. Para então buscar com clareza alternativas teóricas, instrumentais e metodológicas que validem esta mudança; que validem um agir diferente.
Este novo agir, dentro de uma nova perspectiva, não vem de outro lugar, que não seja da população com a qual trabalhamos, de dentro de sua realidade, de suas formas de enfrentar seus problemas, de se realizarem.
A prática profissional não tem o poder miraculoso de revelar-se a si própria. Adquire seu sentido, descobre suas alternativas na história da sociedade da qual é parte. (Yamamoto, 1992)

Aprender na relação com a população, é estar aberto para perceber que se queremos uma inversão nas relações de poder, no sentido que haja de fato uma transformação social; é necessário que esta população esteja, em relação ao profissional de Serviço Social, no lugar onde se encontra hoje o bloco no poder , que articula interesses homogeneizados pelo grande capital (Yamamoto, 1992).

Lançar um olhar sobre uma prática juvenil, empírica, que nasce espontânea, na busca de possibilidades instrumentais dentro de um perspectiva reconceituada; teve o objetivo de ensaiar uma iniciativa neste sentido. De aprender com a população com a qual trabalhamos, com sua história e com a nossa. Colocando-os no lugar que acredito ser seu por direito na sociedade; de seres emancipados, de protagonistas.
Chegar até aqui e ter dúvidas, faz parte e é bom, o problema é quando não as temos, ou quando as temos, não nos importarmos com elas.

Referências Bibliográficas:
YAMAMOTO, Marilda Vilela, RENOVAÇÃO E CONSERVADORISMO DO SERVIÇO SOCIAL - ENSAIOS CRÍTICOS, São Paulo, Editora Cortez, 1992.
MARINHO, José Adriano, A FALA DOS JOVENS, In. III ENC. NACIONAL DE TÉCNICOS DE JUVENTUDE: DESAFIOS PARA A QUALIDADE DE VIDA, Fundo. Mudes/IBJ, RJ, 1997.