José Adriano M C Marinho
Assistente Social
Professor na Universidade de Guarulhos/SP
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Apresentação:
“Não há docência sem discência”.
Assim começa o primeiro capitulo de Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire. Falando da prática educativa o autor a partir deste primeiro capítulo e por todo o livro, discorre sobre a base para ele fundamental da prática do educador em relação com o educando, não uma relação professor/aluno de forma simplista como conhecemos, ele mergulha na profundidade de níveis de compromissos exigidos nesta relação, busca qualificar este compromisso através da compreensão de uma prática relacional que se trava entre dois atores, sobre tudo humanos, e por si só “programados para ensinar e aprender”.
O autor trata dessa relação como escolha autônoma de ambos atores educador/educando; no entanto com responsabilidades distintas, aprofunda a responsabilidade do Educador imbricada nessa escolha. Compreende sua dimensão humana sujeita as pressões do corre-corre do dia a dia que ao passo que explica não pode justificar uma prática descompromissada com a opção feita. Deste modo ele percorre todos os capítulos sobre as exigências fundamentais para o ato de ensinar.
Paulo Freire nos leva a ver que criticizar-se, é algo que parte da curiosidade ingênua que, “desarmada”, está associada ao saber do senso comum, e se constrói na aproximação de forma cada vez mais metodicamente rigorosa do objetivo cognoscível, se tornando curiosidade epistemológica; mais ainda quando esta curiosidade dirige-se para saberes comuns ao cotidiano do educando, que no aprofundamento destes saberes se redescobre frente à realidade que o cerca. Demonstra que sendo uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica, propicia as condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e de todos com o educador/educadora, ensaiam a experiência de assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva e “porque também capaz de amar”.
O Texto mais que orientações para o ser sendo do educador no mundo e em relação com o educando; é expressão pura da paixão do autor pelo processo de inacabado do aprender e ensinar, que caracteriza o “Ser Humano”. Paixão expressa nas entrelinhas de quem acredita de corpo e alma que não existe educação sem relacionamento; não existe relacionamento sem respeito ao outro; não existe respeito sem confiança e nem confiança sem compromisso. E este compromisso para Paulo Freire não é nada mais que o velho e simples “amor”, que se entrega na crença da esperança, de que todos podemos ser sempre mais e melhor, de que é dever daqueles que tem a responsabilidade de ensinar perscrutar-se através dos olhos do educando, para que juntos tornem-se cada vez mais Humanos.
Referência Bibliográfica:
Freire, Paulo – Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa / Paulo Freire. – São Paulo: Paz e Terra, 1996