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sábado, 19 de dezembro de 2009



A declaração política proposta esta noite em Copenhaga resulta de difíceis negociações de última hora entre líderes de 26 países industrializados e emergentes. O pseudo acordo, sem carácter vinculativo, foi concluído numa reunião que teve como ...

Três candidatos na mesma arena: A Conferência do Clima

O confronto entre Serra, Dilma e Marina teve como palco a Conferência do Clima. E ninguém se entendeu sobre se o Brasil deve financiar ou não o combate ao aquecimento...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

UE exige posição do País sobre pré-sal em Copenhague

O principal negociador da União Europeia (UE) para o clima, Artur Runge-Metzger, cobrou ontem do Brasil uma posição sobre o uso do petróleo do pré-sal. Apesar de satisfeito pela "mesa não estar mais vazia" de propostas dos países em desenvolvimento, ele diz que ainda há muitas questões em aberto para saber se as metas anunciadas até agora são suficientes ou não.
"O Brasil falou em reduzir o desmatamento e colocou números porcentuais, a China disse que vai diminuir a intensidade de carbono e a Índia também. Mas há questões pendentes. No Brasil, o que vocês estão fazendo no setor industrial? Sabemos que muito petróleo foi encontrado em frente à costa brasileira. Ele será usado em grande escala?", indagou. Runge-Metzger ressaltou que até hoje "a matriz energética é limpa, majoritariamente de hidrelétricas" e que o País tem a vantagem de usar muito biocombustível. "Mas isso pode mudar radicalmente se essa grande quantidade de petróleo for utilizada."

O negociador europeu também se queixou do fato de ainda não ter conseguido discutir de que forma as metas de redução das emissões de gases causadores do estufa dos países em desenvolvimento entrarão no texto de Copenhague. "Estamos aqui há quatro dias e não conversamos sobre isso. É frustrante para nós."

Já o presidente dos EUA, Barack Obama, elogiou o Brasil ontem, em Oslo, onde recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Ele disse estar "muito impressionado" com o Fundo Amazônia - que recebe doações de países para permitir a conservação da floresta e, assim, evitar a emissão de gases-estufa resultantes do desmatamento. Para Obama, "esse é, provavelmente, o meio mais barato de enfrentar a questão: montar um corpo efetivo de mecanismos para evitar novos desmatamentos e, quem sabe, plantar novas árvores".

FMI
A questão do financiamento para as ações de corte de emissão e adaptação às mudanças climáticas inevitáveis é o maior impasse de Copenhague. O investidor bilionário George Soros apresentou ontem, na conferência, uma proposta para resolver o tema. Sua ideia é utilizar linhas de financiamento liberadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para ajudar países industrializados durante a crise econômica mundial e que acabaram não sendo acionadas. A sugestão recebeu apoio de ONGs ambientalistas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A hipocrisia sobre o aborto no Brasil e a morte de Neide Mota

"Novas formas discursivas entram em ação e se potencializam. Mídia, setores conservadores da Igreja Católica e de outras religiões dando as mãos, numa aliança “fraterna” e inequívoca, para impedir os avanços da autonomia sexual e reprodutiva, da liberdade e da solidariedade da população brasileira, particularmente de todas as mulheres".

Para ler o texto completo conslute o site da Rits abaixo:

Artigo de Margareth Arilha, Diretora Executiva da CCR.
Fonte:http://www.rits.org.br/

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Brasil - O País do futuro?

Reportagem de Danilo Almeida, feita para o Yahoo! Brasil

Não faz muito tempo, imaginar o Brasil escapando quase ileso de uma avassaladora crise global, e ainda por cima emprestando dinheiro ao FMI (Fundo Monetário Internacional), poderia soar como devaneio - e quem apostaria no país como iminente exportador de petróleo?
Ver a diplomacia brasileira dar de frente com os nações mais desenvolvidas, mediar tensões e bater forte na porta da sala das grandes potências, pedindo um espaço, seria ufanismo. Cravar "Rio de Janeiro" como sede de Olimpíada, então - e com direito a Copa do Mundo dois anos antes -, quase uma chacota. O amanhã, no entanto, parece estar chegando àquele que era, até outro dia, o eterno "país do futuro".
Não faltam justificativas para um "otimismo exuberante", como diz o Financial Times, que nesta quinta-feira publica caderno especial sobre investir no Brasil. No enunciado da primeira página, "Louvor olímpico põe selo no progresso". Mas nunca é demais lembrar que o país ainda tem o desafio enorme de superar uma dura realidade de vergonhosa desigualdade social e crescente violência.

Consolidado como líder regional, o Brasil quer se sentar na mesma mesa em que as grandes decisões são tomadas. Leva na pasta ousadia, capacidade de integração e a credencial de um país que tem sabido aproveitar a diversidade cultural, os vastos recursos naturais, a capacidade da indústria e o potencial de consumo de uma população que já sente alguns benefícios desta guinada.
Desde 2003, segundo o IBGE, mais de 19 milhões de brasileiros saíram da condição de miséria. Ajudaram a comprar, a manter o mercado interno aquecido, foram decisivos para fazer a crise mundial parecer uma quase "marolinha" no Brasil, como chegou a desdenhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A mais recente taxa de desemprego divulgada pelo IBGE, referente a setembro, anda bem perto do menor índice histórico, de 7,4%.
"O Brasil leva boas vantagens em relação aos demais países em desenvolvimento", avalia o professor de Economia do Ibmec Rio Ruy Quintans, referindo-se ao bloco chamado de Bric (Brasil, Rússia, Índia e China). "É amistoso, aliado natural dos EUA, não tem o caráter belicoso da Rússia. Também não tem os problemas de demanda interna da Índia, que, apesar da grande população, tem muita pobreza e restrições quanto a religião. E é um regime democrático, ao contrário da China, totalitária, por isso sujeita a instabilidades."
Lá fora, quem tem dinheiro enxerga aqui oportunidades e redireciona os investimentos. Menos de dois meses atrás, a agência de classificação de riscos financeiros Moody's concedeu ao país o chamado "grau de investimento", algo como um aval sobre a confiabilidade dos papéis brasileiros - o que outra agência, a Standard & Poor's, já tinha feito, em abril do ano passado.
Desde o auge da turbulência, o índice Ibovespa, o principal da Bolsa de Valores de São Paulo, acumula valorização de 120%. Uma das melhores performances em todo o mundo, um "momento espetacular", na opinião do professor de Finanças da Fundação Getúlio Vargas, Ricardo Araújo: "O que mais chama a atenção do investidor é o potencial muito rico das empresas brasileiras, elas são hoje muito competitivas no mercado internacional. Além disso, o país tem um mercado financeiro sólido, um grande potencial de crédito e uma demanda de consumo interno muito forte".
Combinando a exploração do mercado interno e a diversificação dos parceiros externos, o Brasil fortaleceu sua moeda e multiplicou as reservas internacionais de US$ 36 bilhões em 2002 para US$ 233 bilhões no mês passado. No mesmo período, dobrou o volume de importações e exportações. Dobrou também, em valores brutos em reais, a riqueza produzida entre 2002 e 2008. Com US$ 10 bilhões comprou bônus do FMI. Virou credor do "algoz" de até outro dia.
Antes, acusou os Estados Unidos de subsidiar ilegalmente a produção de algodão do país, e venceu a disputa na OMC (Organização Mundial do Comércio) - a mesma entidade onde o Brasil encampa a briga por menos protecionismo dos países ricos, na chamada Rodada Doha. Em tempos de necessidade de renovação das matrizes energéticas, desenvolveu e saiu para vender o etanol à base de cana-de-açúcar. Mais tarde, descobriu gigantescas reservas de petróleo e gás no mar a mais de 7 mil metros de profundidade, a camada pré-sal. Tal força econômica vai se convertendo em dividendos políticos lá fora, o que gera mais oportunidades.

'Cidadania internacional'
Vêm aí Copa do Mundo e Olimpíada, investimentos inicialmente previstos em US$ 5 bilhões e R$ 28 bilhões, respectivamente. "O Brasil conquistou a cidadania internacional. Quebramos o último preconceito. Saímos do patamar de segunda classe para primeira", definiu o presidente Lula depois do anúncio do Rio de Janeiro como sede dos Jogos. A auto-estima do brasileiro nunca esteve tão em alta.

O próprio carisma do presidente é fator preponderante neste sucesso internacional. Só em 2009 ele já foi homenageado pela Unesco, em função das "ações pela paz e justiça social"; e, nesta semana, pela Chatham House, sede do respeitado Royal Institute for International Affairs, do Reino Unido, pela "atuação em políticas social e econômica". "É o cara", nas palavras do homem mais poderoso do mundo, o presidente Barack Obama. Tem canal aberto com o norte-americano do mesmo modo como tem com o venezuelano Hugo Chavez ou o iraniano Mahmoud Ahmadinejad.
"A diplomacia brasileira tem hoje grande credibilidade internacional", analisa o professor de Relações Internacionais da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Williams Gonçalves. "O país busca estabilidade, novas alianças, entendimento, diálogo. Não é uma agenda 'do contra', mas mesmo assim não aceita a ordem internacional e põe os interesses nacionais em primeiro lugar."
Em política externa, Lula conta com Celso Amorim, "o melhor ministro de Relações Exteriores do mundo" na definição da revista Foreign Policy, o influente braço de assuntos internacionais do Washington Post, quinto diário mais lido nos Estados Unidos. É Amorim o cérebro por trás da liderança brasileira na missão da ONU para a estabilização do Haiti e mesmo no apoio ao presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya. O grande objetivo: a conquista de um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Dona de uma das cinco cadeiras, a França já se posicionou ao lado do Brasil como representante legítimo do mundo em desenvolvimento - simultaneamente, negocia a venda de caças ao governo brasileiro. Hoje credor do FMI e aliado estratégico de nações ricas, consideradas "vilãs" daquele eterno "país do futuro", o Brasil inverte o passado para superá-lo.

Softwere livre - CONISLI 2009

A comunidade de softwere livre tem trazido dentro de uma perspectiva de debates e alternativas uma imensa capacidade criativa e alternativas ao alcance da população em geral. Podemos afirmar que se hoje muitos brasileiros podem ter acesso e um computador por preços muito baixos é por que o sistema operacional do aparelho que está comprando é "livre" (Linux, Ubuntu, etc...) Cabe ainda dizer que "livre" não quer dizer necessáriamente "gratis", mais sim que o "código fonte" do programa tem propriedade aberta. É como se você comprasse um livro e pudesse acrescentar outras palavras adequando a história a sua realidade e uso, e assumindo a responsabilidade pela alteração, enriquecendo as possibilidades que sua "história" encerra. Como muitas pessoas acessam o softwere livre vão melhorando as qualidades dela, o custo de sua manutenção e desenvolvimento fica muito baixo, o que é coberto atraves de ações de marketing, e propagandas... Bom, eu sou leigo na profundidade da discussão sobre o assunto. Se quer saber mais dê um pulo na CONISLI 2009.
Abraços
José Adriano Marinho
O Grupo de Usuários de Software Livre de São Paulo convida a todos profissionais de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação), acadêmicos, desenvolvedores, entusiastas, artistas culturais com propostas livres e envolvidos com cultura digital livre para participarem do 7º. Congresso Internacional de Software Livre.O Conisli 2009 terá a presença do especialista Jon Maddog Hall, reconhecido mundialmente como embaixador e líder de Linux no mundo. Jon Maddog Hall será o responsável por aplicar a prova de LPI. O evento também contará com palestras do professor Ladislau Dowbor, Jomar Silva e Sérgio Amadeu.Dentro das atrações do Festival de Cultura Digital Livre, teremos a presença do Mágico Skarlone, que usa o seu trabalho para encantar, aguçar a curiosidade,formar sorrisos, abrilhantar, enriquecer e tornar o dia de quem assiste inesquecível. No primeiro dia será lançado o portal do Núcleo Musical Coletivo Digital,repositório que busca dar vazão e publicidade a iniciativas artísticas e culturais que possam circular livremente pela rede mundial de computadores, com foco na música independente.
Data: 04/12/2009 e 05/12/2009Local: MIS - Museu da Imagem e do Som
Endereço: Av. Europa, 158.Bairro: Jardim EuropaCidade: São Paulo - SPMais informações: http://www.conisli.org.br

domingo, 8 de novembro de 2009

Situação da Infância e da Adolescência Brasileira 2009 – O Direito de Aprender: Potencializar Avanços e Reduzir Desigualdades

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) divulgou em junho/2009 o relatório Situação da Infância e da Adolescência Brasileira 2009 – O Direito de Aprender: Potencializar Avanços e Reduzir Desigualdades, uma análise sobre o direito de aprender no Brasil realizada a partir das estatísticas mais recentes relacionadas ao tema.





O relatório conclui que o País obteve importantes avanços nos indicadores de acesso, aprendizagem, permanência e conclusão do Ensino Básico. Na publicação, o UNICEF analisa as desigualdades educacionais no Brasil – especialmente as regionais, étnico-raciais e socioeconômicas, bem como as relacionadas à inclusão de crianças com deficiência. São essas desigualdades que impedem que parcelas mais vulneráveis da população brasileira tenham garantido seu direito de aprender, sobretudo nas regiões do Semiárido, da Amazônia Legal e nas comunidades populares dos centros urbanos.


Para se ter uma ideia, 97,6% das crianças e adolescentes entre 7 e 14 anos estão matriculados na escola, o que representa cerca de 27 milhões de estudantes. Esses 2,4% podem parecer pouco, mas representam 680 mil crianças fora da escola. É mais do que a população do Suriname. E desse total de crianças fora da escola, 66% (450 mil) são negras. Da mesma forma, o percentual de crianças fora da escola na Região Norte é duas vezes maior do que o mesmo percentual na Região Sudeste.


domingo, 1 de novembro de 2009

Graduação a Distância em Serviço Social no Brasil

CARTA ABERTA AOS ESTUDANTES E TRABALHADORES DOS CURSOS DE
GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA EM SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL

Texto integrante do Relatório Final do 38º Encontro Nacional CFESS/CRESS - 06 a 09 desetembro de 2009 - Campo Grande/MS.


Para ler o relatório completo acesse o link: http://docs.google.com/fileview?id=0B3bEuXYCJPTeNGExMDk2NGEtNDkwOS00Y2RjLWI2YjctYmE2MDJmMmNiYmIz&hl=pt_BR


Os delegados, observadores e convidados reunidos entre os dias 6 e 9 de setembro de 2009, em Campo Grande (MS), no 38º Encontro Nacional, fórum máximo de deliberação do Conjunto CFESS/CRESS regulamentado pela Lei 8662/93, e as entidades nacionais e regionais de Serviço Social – Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS), Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa de Serviço Social (ABEPSS) e Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social (ENESSO) - dirigem-se aos estudantes e trabalhadores envolvidos com o oferecimento de cursos de graduação à distância em serviço social para fazer alguns esclarecimentos e reflexões, necessários frente ao debate nacional em curso.
Desde o ano 2000, quando realizamos seminário conjunto das três entidades nacionais para uma análise da LDB e suas conseqüências para o ensino superior (Cf. Revista Temporalis nº 1, 2001), vimos mantendo uma posição crítica ao estímulo das forças de mercado na educação, incorporado largamente pela legislação brasileira. Naquele momento rejeitamos os cursos seqüenciais, que implicavam a diminuição da carga horária da formação e sua banalização, bem como a graduação à distância, cujos efeitos deletérios já eram identificados. Fazíamos ali a também a crítica dos mestrados profissionais e ao aligeirando da formação de pós-graduação. Portanto, já são quase 10 anos de discussão. As posições que vimos tomando não são individuais, mas produto de um processo coletivo, fóruns de debate, documentos e manifestações, além de teses e publicações que expressam significativo acúmulo sobre o assunto. Assim, não são posicionamentos e atitudes políticas e institucionais fundadas no desconhecimento, na discriminação e no preconceito, e menos ainda são dirigidas a vocês, estudantes e trabalhadores, que se mobilizaram para esses cursos por inúmeras razões que compreendemos, apesar da nossa discordância para com a política brasileira de ensino superior. É legítimo o anseio dos estudantes de ter acesso ao ensino superior, num país onde 51% da População Economicamente Ativa (PEA) não tem emprego com contrato de trabalho e 15% não tem ocupação. O ensino superior tem sido um privilégio de poucos, sendo mais de 80% oferecido em instituições privadas. Esta é a condição da oferta de vagas presenciais e de emprego propiciada por um projeto de nação que não atendeu historicamente aos anseios das maiorias. Este direito, no entanto, deve ser alcançado com qualidade e condições de oferecer aos estudantes formação crítica que os prepare não apenas para o exercício profissional, mas também amplie as condições de atuar em um mundo cada vez mais complexo. Não estamos discutindo a educação a distância em todas as suas modalidades. Pensamos que muitas de suas técnicas e invenções pedagógicas podem ser suporte ao processo de ensino-aprendizagem presencial em vários de seus níveis. Queremos a tecnologia e a interatividade virtual em favor da qualidade. O Conjunto CFESS/CRESS e a ABEPSS, em articulação com a Universidade de Brasília, por exemplo, estão realizando um curso de especialização nesta modalidade, envolvendo cerca de 800 assistentes sociais, em sua segunda edição (o primeiro ocorreu entre 1999 e 2002).

Portanto, não somos avessos à tecnologia e atrasados frente às inovações educacionais. Diferente de um curso de especialização ou extensão, a graduação não é um curso complementar, de atualização profissional. Estamos falando da formação básica! Nela o aluno apreende e participa de processos pedagógicos presenciais vinculados à pesquisa e à extensão. Nesse processo, tem contato com os fundamentos da vida social e da profissão, a ética profissional, e as competências e habilidades profissionais previstas na regulamentação da profissão, inclusive por meio do estágio supervisionado com os requisitos presentes nas Diretrizes Curriculares da ABEPSS, do
MEC, na Lei de Estágio (11788/2008) e na Resolução CFESS 533/2008, que regulamenta a supervisão direta de estágio no Serviço Social. Nossa profissão tem como matéria as expressões da questão social. Sob cada parecer, cadastro e encaminhamento que o profissional realiza há vidas, cujas trajetórias podem ser modificadas por uma intervenção profissional que não consiga perceber as inúmeras facetas da questão que se apresenta, que não consiga ir além das aparências, que não tenha a investigação como um elemento de seu trabalho, que não compreenda as conseqüências éticas das escolhas profissionais. Destacamos ainda alguns princípios e elementos do perfil profissional previstos nas Diretrizes Curriculares da ABEPSS (1996):

1. Favorecer a dinamicidade do currículo por meio de disciplinas, oficinas, seminários temáticos, atividades complementares;
2. Rigor teórico, histórico e metodológico na análise da realidade social e do Serviço Social;
3. Adoção de uma teoria social crítica que possibilite a apreensão da totalidade social;
4. Considerar as dimensões investigativa e interventiva da formação profissional, e a relação teoria e realidade;
5. Padrões de desempenho e qualidade idênticos para cursos diurnos e noturnos;
6. Indissociabilidade nas dimensões de ensino, pesquisa e extensão;
7. Exercício do pluralismo com debate sobre as várias tendências teóricas em luta pela direção social da formação profissional;
8. Ética como princípio formativo perpassando a formação curricular;
9. Indissociabilidade entre estágio e supervisão acadêmica e profissional
Esses princípios se articulam a um perfil profissional com a capacidade de apreender as particularidades da constituição e desenvolvimento do capitalismo e do Serviço Social no país, desvelando as possibilidades de ação contidas na realidade, bem como de exercer a profissão cumprindo as competências e atribuições previstas na Legislação Profissional em vigor. As informações sobre a implementação dos cursos de graduação a distância mostram que esses princípios e perfil não estão assegurados nesta modalidade. O dossiê elaborado pelo CRESS 17ª Região (ES), por exemplo, explicita que não foi encontrada nenhuma atividade de pesquisa e extensão nos projetos pedagógicos dos cursos oferecidos. A indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão tem assegurado uma ampla produção científica e bibliográfica na área, articulando inclusive graduação e pós-graduação. Sabemos, evidentemente, que há dificuldades de implementação deste princípio também no ensino presencial, sobretudo nas instituições privadas de ensino superior (IES), em função da precarização do trabalho docente com ausência de destinação de carga horária para pesquisa e extensão, dentre outras razões. Contudo, existem esforços docentes e discentes nesses espaços privados para assegurar sua materialização, principalmente dos segmentos mais orgânicos à ABEPSS. Na graduação à distância, considerando sua lógica interna, centrada no ensino virtual ou mediado por mídias, esse princípio é inviabilizado.

O estágio supervisionado é outro aspecto grave da graduação à distância, no qual se concentram inúmeros obstáculos para garantir os critérios pedagógicos para uma formação de qualidade e requisitos legais da profissão, considerando especialmente o exercício da supervisão direta com a presença do supervisor de campo e acadêmico. Elas mostram a ausência de encaminhamentos institucionais para garantir campos de estágio aos estudantes, que assumem a responsabilidade de sua inserção nos campos, gerando muitas tensões. Vários municípios não comportam a absorção da quantidade de estudantes dos cursos a distância e presenciais. Há municípios pequenos, com um número reduzido de profissionais para uma quantidade exorbitante de alunos, o que não permite que o estágio tenha a contribuição necessária para a formação dos estudantes e se choca diretamente com a Resolução CFESS 533/2008, que estabelece a supervisão de campo de um estudante para cada 10 horas semanais de jornada de trabalho do assistente social.

Não estamos nesta luta para impedir quem quer que seja de estudar. Pelo contrário, sempre lutamos pela ampliação do acesso e pela educação como direito de todos e dever do Estado. Queremos educação com qualidade para todas e todos. A política em curso não significa democratização do acesso ao ensino superior, mas a reprodução de informações recolhidas de forma fragmentada da bibliografia da profissão e transmitidas através de apostilas e manuais de baixa qualidade que não observam a perspectiva de totalidade e criticidade, comprometendo a formação profissional e o atendimento à população brasileira. Muitas universidades públicas no Brasil ainda não oferecem cursos de Serviço Social. Temos ampliado nossas lutas pela abertura desses cursos com conquistas significativas.

O ônus da política educacional que vem sendo feita por sucessivos governos não deve recair sobre os estudantes e trabalhadores envolvidos com EaD, e muito menos sobre as entidades de Serviço Social. Nossa tarefa é cobrar do Estado, especialmente do Ministério da Educação a igualdade de acesso ao ensino superior presencial para todos e a garantia da qualidade da oferta.
Reafirmamos nossa posição contrária à modalidade de ensino de graduação à distância em serviço social. Convidamos os estudantes e trabalhadores para se somarem à luta histórica em defesa do ensino público, universal, gratuito, presencial, laico e de qualidade. Cobramos do MEC a ampliação de vagas com qualidade para atender a demanda por ensino superior no Brasil. Convocamos, por fim, o debate público, democrático e respeitoso sobre essa questão, parametrado pelos princípios que norteiam o Serviço Social brasileiro.

Campo Grande, 9 de setembro de 2009.
Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa de Serviço Social
Conselho Federal de Serviço Social
Conselhos Regionais de Serviço Social
Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social
Aprovada na Plenária Final do 38º. Encontro Nacional CFESS/ CRESS, realizado de 06 a
09 de setembro de 2009 em Campo Grande-MS.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Resenha do Livro Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire

José Adriano M C Marinho
Assistente Social
Professor na Universidade de Guarulhos/SP
(para ler o texto completo clique no link: http://docs.google.com/fileview?id=0B3bEuXYCJPTeZWI3ZDVjZjktZDQwNy00Y2ZjLWE5OGYtZTU4M2E0NjAzYWI3&hl=pt_BR )

Apresentação:

“Não há docência sem discência”.

Assim começa o primeiro capitulo de Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire. Falando da prática educativa o autor a partir deste primeiro capítulo e por todo o livro, discorre sobre a base para ele fundamental da prática do educador em relação com o educando, não uma relação professor/aluno de forma simplista como conhecemos, ele mergulha na profundidade de níveis de compromissos exigidos nesta relação, busca qualificar este compromisso através da compreensão de uma prática relacional que se trava entre dois atores, sobre tudo humanos, e por si só “programados para ensinar e aprender”.
O autor trata dessa relação como escolha autônoma de ambos atores educador/educando; no entanto com responsabilidades distintas, aprofunda a responsabilidade do Educador imbricada nessa escolha. Compreende sua dimensão humana sujeita as pressões do corre-corre do dia a dia que ao passo que explica não pode justificar uma prática descompromissada com a opção feita. Deste modo ele percorre todos os capítulos sobre as exigências fundamentais para o ato de ensinar.
Paulo Freire nos leva a ver que criticizar-se, é algo que parte da curiosidade ingênua que, “desarmada”, está associada ao saber do senso comum, e se constrói na aproximação de forma cada vez mais metodicamente rigorosa do objetivo cognoscível, se tornando curiosidade epistemológica; mais ainda quando esta curiosidade dirige-se para saberes comuns ao cotidiano do educando, que no aprofundamento destes saberes se redescobre frente à realidade que o cerca. Demonstra que sendo uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica, propicia as condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e de todos com o educador/educadora, ensaiam a experiência de assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva e “porque também capaz de amar”.
O Texto mais que orientações para o ser sendo do educador no mundo e em relação com o educando; é expressão pura da paixão do autor pelo processo de inacabado do aprender e ensinar, que caracteriza o “Ser Humano”. Paixão expressa nas entrelinhas de quem acredita de corpo e alma que não existe educação sem relacionamento; não existe relacionamento sem respeito ao outro; não existe respeito sem confiança e nem confiança sem compromisso. E este compromisso para Paulo Freire não é nada mais que o velho e simples “amor”, que se entrega na crença da esperança, de que todos podemos ser sempre mais e melhor, de que é dever daqueles que tem a responsabilidade de ensinar perscrutar-se através dos olhos do educando, para que juntos tornem-se cada vez mais Humanos.

Referência Bibliográfica:
Freire, Paulo – Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa / Paulo Freire. – São Paulo: Paz e Terra, 1996

Serviço Social e os projetos com a juventude


José Adriano M C Marinho
Assistente Social
Professor na Universidade de Guarulhos/SP
(Trecho do Texto NO ESPAÇO VAZIO... UM CENTRO DA JUVENTUDE ESTUDO DAS POSSIBILIDADES INSTRUMENTAIS O SERVIÇO SOCIAL EM UMA AÇÃO COM JOVENS, Monografia para conclusão de curso de serviços social em 2001, RJ) - Para vizualizar o texto completo clique no link: http://docs.google.com/fileview?id=0B3bEuXYCJPTeYTU3NDE0MjAtNzMyOC00YjdjLThjYjQtNTUwYzM0ZmZlZDYz&hl=pt_BR

Creio que o Serviço Social como afirma Yamamoto, alcança sua “maioridade” quando se reconhece histórico, instrumento, ciência e dinâmico, não aceitando mais a passividade diante das pressões que sofre, dado o seu papel mas as reconhece como existentes.
Ele se reconhece como totalidade e também como o indivíduo que forma. Reconhece nesse indivíduo, ator social determinado e determinante de sua história. Reconhece as atuais demandas do mercado, reconhece que, como todo jovem que alcança a maioridade, não basta reconhecer-se " maior", é necessário um agir "maior".
Reconhecer-se assim, implica para o profissional, olhar-se de forma profunda e confrontar-se com suas próprias contradições; não para aceitá-las como parte, mas reconstruir-se com toda sua pluralidade.
O jovem, um público localizado em uma situação dúbia na sociedade, "em ser sem estar sendo; e não sendo, sendo cobrado como se fosse", que ninguém entende muito bem o que é, por isso o coloca de lado, como algo em segundo plano, só percebido como um "ser" potencial de consumo pelo capital, ou como ator de violência, pelo Estado.
Os atuais programas e projetos sociais desenvolvidos para esse público, por mais democráticos que se desenhem, estão situados ainda como uma ação descontinuada, voltada não para a construção e exercício pleno da cidadania, mas de uma preocupação para que não se tornem "atores de violência", percebido no formato dos programas e através dos inúmeros recursos liberados para financiamento desses projetos e programas, por parte da Secretaria Nacional de Segurança.
Uma política que esteja voltada de fato para a juventude, deve percebê-la, como sujeito no presente, não no futuro. Ele vive, hoje como todos nós, o futuro dos jovens é igual ao de qualquer outra pessoa, “incerto”. As políticas setorizadas para esse público, devem ser discutidas e desenvolvidas com esse público.
Estas políticas não devem ser de fato diferenciadas de políticas que atendam ao restante dos cidadãos, afinal ele é tão cidadão como qualquer outro, apenas mais jovem. O que realmente é necessário, é possibilitar ao jovem espaços de participação e expressão, onde possa contribuir com toda a originalidade que traz dentro de si.
De acordo com Yamamoto o Serviço Social exerce uma ação eminentemente “educativa”, “organizativa”. É uma perspectiva não muito notada como tal, nem mesmo pelos próprios assistentes sociais. Por outro lado, Yamamoto, também coloca que o Serviço Social só se torna possível como profissão institucionalizada, como parte de uma estratégia do bloco no poder. O que traz a tona a sua instrumentalização pelo Estado, que ainda é um espaço ocupacional o importante.
Para se buscar um fazer diferente, dar forma e aplicação ao processo de reconceituação iniciado na década de 60 e ainda em movimento; é necessário que busquemos olhar mais e melhor, logo com mais profundidade para o arcabouço teórico construído pela profissão ao longo de sua história. Contextualizando cada momento desta história, percebendo-a como parte integrante do que somos hoje; estaremos dando um passo substancial na construção de novas referências, frente os novos tempos.
Ao pretender se desvencilhar do caráter coercitivo e consensual, pelo qual somos instrumentalizados desde a origem; temos que reconhecer tais origens e práticas que vigoram ainda hoje. Para então buscar com clareza alternativas teóricas, instrumentais e metodológicas que validem esta mudança; que validem um agir diferente.
Este novo agir, dentro de uma nova perspectiva, não vem de outro lugar, que não seja da população com a qual trabalhamos, de dentro de sua realidade, de suas formas de enfrentar seus problemas, de se realizarem.
A prática profissional não tem o poder miraculoso de revelar-se a si própria. Adquire seu sentido, descobre suas alternativas na história da sociedade da qual é parte. (Yamamoto, 1992)

Aprender na relação com a população, é estar aberto para perceber que se queremos uma inversão nas relações de poder, no sentido que haja de fato uma transformação social; é necessário que esta população esteja, em relação ao profissional de Serviço Social, no lugar onde se encontra hoje o bloco no poder , que articula interesses homogeneizados pelo grande capital (Yamamoto, 1992).

Lançar um olhar sobre uma prática juvenil, empírica, que nasce espontânea, na busca de possibilidades instrumentais dentro de um perspectiva reconceituada; teve o objetivo de ensaiar uma iniciativa neste sentido. De aprender com a população com a qual trabalhamos, com sua história e com a nossa. Colocando-os no lugar que acredito ser seu por direito na sociedade; de seres emancipados, de protagonistas.
Chegar até aqui e ter dúvidas, faz parte e é bom, o problema é quando não as temos, ou quando as temos, não nos importarmos com elas.

Referências Bibliográficas:
YAMAMOTO, Marilda Vilela, RENOVAÇÃO E CONSERVADORISMO DO SERVIÇO SOCIAL - ENSAIOS CRÍTICOS, São Paulo, Editora Cortez, 1992.
MARINHO, José Adriano, A FALA DOS JOVENS, In. III ENC. NACIONAL DE TÉCNICOS DE JUVENTUDE: DESAFIOS PARA A QUALIDADE DE VIDA, Fundo. Mudes/IBJ, RJ, 1997.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Histórias, Contos e Lendas

Histórias, Contos e Lendas

Eu não sei!
Vivemos em um mundo onde o lúdico perdeu um pouco o sentido místico e fantástico da infância. Onde tudo pode e deve ser explicado cientificamente, onde os significados pessoais das coisas são engolidos por um senso “cético” comum.
Nestes dias que venho acompanhando os jovens do grupo de Agentes Jovens da Cachoeira Grande, tenho tido a oportunidade de reaver, inclusive em mim mesmo, essa criança que sonha, inventa, cria e recria a realidade que à cerca. Cheias de fantasias, prontas para tornarem-se realidades “verídicas”; ao menos para nós mesmos.
Ter sonhos e sentir, por mais tênue que seja, a esperança de realiza-lo, é uma experiência que muitos de nós esqueceu em meio ao corre-corre do dia a dia.

Não sei!
Mas, conforme me envolvo na realização coletiva da Oficina de Cultura e Cidadania, mais certeza tenho de que possibilitar espaços de criação e expressão para jovens é a melhor forma de construir um mundo novo, diferente desse, cheio de medo e terror, das telas de TV e das páginas dos jornais.
Enquanto lia suas histórias, contos e lendas, ia me sentindo em outro universo, que há muito tempo não visitava. Histórias fantásticas contadas de pai para filho; histórias para assustar crianças; coisas que não sabemos explicar e que muito menos importa a explicação. Ia vivendo cada vírgula, cada palavra, cada conto, como aquela criança que vivia no Rio da Prata de Campo Grande, ouvia no portão as histórias contadas pelos mais velhos em noites enluaradas; em uma época em que já existia televisão, mais que era muito mais gostoso estar ali e fazer parte do grupo, da comunidade. Às vezes por puro medo de ver de verdade os “monstros” das histórias, caso fosse sozinho para cama. Às vezes por curiosidade de saber como acabaria aquelas histórias fascinantes.
Quantas destas histórias não me despertaram para a leitura e pelo interesse pela história de meu bairro, da minha cidade e de meu país? Quem nunca ouviu falar da “mulher loira” que nos tempos de colégio assustava os corredores e banheiros das escolas com seu algodão no nariz? Ou quantas versões sabemos de histórias de lobisomens, saci-pererê, mula sem cabeça, bananeiras e coqueiros que choram? Quantas vezes brincando sozinho ou sozinha, já não imaginamos ouvir ou ver alguma coisa fora do comum? E onde ficou aquele medo de ir ao banheiro, acreditando que havia um velho em baixo da cama?
Pois é, Histórias, Contos e Lendas; de coisas tão diferentes, um pouco pela metade, tropeçando em nossa imaginação. Mas todas baseadas na verdade que sentimos por elas, no momento primeiro em que as ouvimos e as vivemos em nossas vidas.
Sim, naquele momento; elas são a única verdade que conhecemos. Sem elas, provavelmente seriamos incapazes de enfrentar os medos, superar os desafios e sonhar com um mundo melhor...

José Adriano M C Marinho - Julho/2003