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domingo, 31 de janeiro de 2010

Relatório acusa agressões na Fundação Casa Julia Duailibi

Relatório elaborado por oito entidades defensoras dos direitos humanos em complexos e unidades da Fundação Casa (ex-Febem), no último trimestre de 2009, constata problemas de infraestrutura e de violência corporal e psicológica contra adolescentes. Há jovens com cortes na cabeça e no rosto, que teriam ocorrido após briga com funcionários, internação em "solitária" improvisada embaixo de escada e relatos de ausência de tratamento médico adequado - um dos internos disse ter usado uma sacola de supermercado no lugar de sua bolsa de colostomia.

As informações constam de relatório de 70 páginas, obtido pelo Estado, que foi encaminhado em novembro para o gabinete do governador José Serra e para o secretário de Justiça, Luiz Antônio Marrey. O documento é baseado em depoimentos dos adolescentes e na constatação das equipes no local. Participaram da elaboração Conectas Direitos Humanos, Ilanud, Instituto Pro Bono, ACAT, AMAR, Comissão Teotônio Vilela e Cedeca Sapopemba e Interlagos.

Os piores casos estão nos complexos Raposo Tavares e Vila Maria. Há relatos de falta de higiene e depredação nas instalações e depoimentos de funcionários alegando que com a falta de servidores não há como prestar o serviço adequado aos jovens - inclusive levá-los para as consultas médicas.

As equipes visitaram 12 unidades, a maior parte delas ligadas a três complexos (Raposo Tavares, Vila Maria e Brás), onde havia 905 adolescentes - a Fundação Casa atende a 6.581 jovens em todo o Estado. O relatório baseia-se em dez itens, que vão de integridade física a alimentação e pedagogia.

Na unidade 28 do Raposo Tavares, um jovem ficou 20 dias isolado do convívio por ser alvo de ameaças dos outros internos. "Passa o dia inteiro trancado em uma área improvisada, dormindo num pequeno recesso em baixo de uma escadaria", diz o relatório. De acordo com jovens da unidade, agentes quebraram TV e rádio em cima deles durante uma briga. Um jovem tinha dois cortes grandes na cabeça, "mal suturados". Outro tinha o mesmo tipo de ferimento, segundo ele decorrente do estilhaçamento de um aparelho de som contra sua cabeça.

Os adolescentes dizem que o Grupo de Apoio, que faz a guarda das unidades, canta a seguinte música: "Grupo de apoio/qual é sua missão?/Entrar na unidade/ Pra quebrar ladrão/ Grupo de apoio/qual é sua missão?/ Bater nos ladrão e derramar sangue no chão".

No Complexo Vila Maria, os internos disseram que 20 dias antes da vistoria das entidades "20 adolescentes ficaram das 7 horas às 21 horas sem roupa, sentados no chão, com a cabeça baixa entre as pernas, sendo constantemente agredidos pelos funcionários da unidade com chutes, tapas na nuca, pé na cara". No mês passado, um adolescente do complexo disse que passou dez dias em isolamento, de cueca, sem colchão nem banheiro.
Fonte: http://www.estadao. com.br/estadaode hoje/20100121/ not_imp499103, 0.php

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